Numa medida pioneira, Canindé soma esforços para matar o mosquito da dengue na sua fase como pupa
Canindé. A dengue completa 28 anos no Brasil. Considerada erradicada na década de 1950, a doença reapareceu em 1982. Deste então, atingiu milhares de pessoas e causou a morte de mais de 350 mil, por meio de sua variante hemorrágica.
Para as autoridades sanitaristas, o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, parece estar cada dia mais forte. Em Canindé, a Secretaria de Saúde desenvolve um projeto inédito no Estado no combate à dengue. É o Projeto Pesca Pupa.
De acordo com a secretária de Saúde de Canindé, Clara Medeiros, diversas ações são desenvolvidas por agentes de endemias do Município, com o apoio da Coordenadoria Regional de Saúde, agentes comunitários de saúde, Núcleo de Mobilização Social, Programa Saúde da Família, Secretarias de Meio Ambiente, Infra-Estrutura, Educação, Agricultura, Igrejas Católica e Evangélicas, emissoras de rádio, alunos de escolas do Município, professores, coordenadores e associações comunitárias.
"Nós criamos o disque Alô Saúde, com o número (85) 3343.3857, para orientações sobre a dengue e controle do mosquito, casos suspeitos da doença, solicitações para atendimentos em domicílios, telamento de caixas d´água, eliminação de focos, peixamento no controle biológico e, agora, o ´Pesca Pupa´, um projeto pioneiro no Estado do Ceará", frisa a secretária.
Segundo ela, o "Pesca Pupa" tem a participação dos agentes de endemias que descobriram que o pó de larvicida mata a larva do mosquito, mas não mata a pupa. "É feito um trabalho da seguinte maneira: os agentes pescam a pupa e jogam fora da água. A temperatura se encarrega de matá-las, porque elas não resistem por muito tempo fora d´água", explica. "Para que possamos desenvolver esse trabalho, é preciso apoio. O prefeito Cláudio Pessoa colocou toda a infraestrutura das secretarias para o trabalho ser desenvolvido".
O diretor do Núcleo de Endemias do Município, José Vanderlan Teixeira Medeiros, diz que 22.603 domicílios serão visitados em 31 localidades, dando prioridade aos locais onde o índice de infestação do mosquito estiver alto. Ele mostra como se reproduz o mosquito.
"Os ovos são depositados pelas fêmeas na superfície da água, ficando aderidos à parede interna dos recipientes, e daí tem início o período de incubação, que em condições favoráveis dura 2 a 3 dias, quando estarão prontos para eclodir. A resistência à dissecação aumenta conforme os ovos ficam mais velhos, ou seja, a resistência aumenta quanto mais próximos estiverem no final de desenvolvimento embrionário. Eles podem se manter viáveis por 6 a 8 anos meses. A fase dos ovos é a de maior resistência de seu biociclo", alerta Vanderlan.
Já na segunda fase, as larvas são providas de grande mobilidade e têm como função primária o crescimento. Passam a maior parte do tempo alimentando-se de substâncias orgânicas, bactérias, fungos e protozoários existentes na água.
A duração de fase larval, em condições favoráveis de temperatura (25° a 29º C) e de boa oferta de alimentos, é de 5 a 10 dias, podendo se prolongar por algumas semanas em ambiente adequado. "A pupa agora é a nossa grande preocupação. Essa é a última fase aquática do mosquito. Depois desse processo ele está pronto para voar e começar seus ataques fazendo suas vítimas. A pupa não se alimenta, apenas respira e é dotada de boa mobilidade. Não é afetada por ação da larvicida. A duração da fase pupal em condições favoráveis de temperatura é de 2 dias em média", mostra o diretor de endemias da cidade.
"Depois de grandes investidas, descobrimos que a pupa se mantém flutuando na superfície da água, o que facilita a emergência do inseto adulto. Essa fase é dividida em cefalotórax e abdômen. A cabeça e o tórax são unidos, constituindo a porção chamada cefalotórax. A pupa tem um par de tubos respiratórios ou abdômen, que atravessam a água e permitem a respiração, por esta razão nós estamos atacando com muito rigor também a pupa. Os agentes fazem a captura e jogam fora da água, porque fora de seu habitat natural, ela morre", assegura a secretária de Saúde de Canindé.
"Macho e fêmea alimentam-se de néctar e sucos vegetais, sendo que as fêmeas, depois do acasalamento, necessita de sangue para a maturação dos ovos". No último Levantamento feito por Amostragem (LIA), de 2010, o índice era de 2,7%. "Com o nosso trabalho iremos reduzir esses índices, para isso, precisamos contar com o apoio de todos", diz ela.
Combate
"Desenvolvemos diversas ações de controle e combate e agora tem o Pesca Pupa"
Clara MedeirosSecretária de Saúde de Canindé
"O trabalho é feito nas casas da gente para combater o mosquito e isso é muito bom"
Francisco Correira LimaMorador do Bairro Palestina, em Canindé
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura Municipal de Canindé - prefeito Cláudio Pessoa
Telefone: (85) 3343.6937
Alô Saúde: (85) 3343.3857
Canindé. A dengue completa 28 anos no Brasil. Considerada erradicada na década de 1950, a doença reapareceu em 1982. Deste então, atingiu milhares de pessoas e causou a morte de mais de 350 mil, por meio de sua variante hemorrágica.
Para as autoridades sanitaristas, o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, parece estar cada dia mais forte. Em Canindé, a Secretaria de Saúde desenvolve um projeto inédito no Estado no combate à dengue. É o Projeto Pesca Pupa.
De acordo com a secretária de Saúde de Canindé, Clara Medeiros, diversas ações são desenvolvidas por agentes de endemias do Município, com o apoio da Coordenadoria Regional de Saúde, agentes comunitários de saúde, Núcleo de Mobilização Social, Programa Saúde da Família, Secretarias de Meio Ambiente, Infra-Estrutura, Educação, Agricultura, Igrejas Católica e Evangélicas, emissoras de rádio, alunos de escolas do Município, professores, coordenadores e associações comunitárias.
"Nós criamos o disque Alô Saúde, com o número (85) 3343.3857, para orientações sobre a dengue e controle do mosquito, casos suspeitos da doença, solicitações para atendimentos em domicílios, telamento de caixas d´água, eliminação de focos, peixamento no controle biológico e, agora, o ´Pesca Pupa´, um projeto pioneiro no Estado do Ceará", frisa a secretária.
Segundo ela, o "Pesca Pupa" tem a participação dos agentes de endemias que descobriram que o pó de larvicida mata a larva do mosquito, mas não mata a pupa. "É feito um trabalho da seguinte maneira: os agentes pescam a pupa e jogam fora da água. A temperatura se encarrega de matá-las, porque elas não resistem por muito tempo fora d´água", explica. "Para que possamos desenvolver esse trabalho, é preciso apoio. O prefeito Cláudio Pessoa colocou toda a infraestrutura das secretarias para o trabalho ser desenvolvido".
O diretor do Núcleo de Endemias do Município, José Vanderlan Teixeira Medeiros, diz que 22.603 domicílios serão visitados em 31 localidades, dando prioridade aos locais onde o índice de infestação do mosquito estiver alto. Ele mostra como se reproduz o mosquito.
"Os ovos são depositados pelas fêmeas na superfície da água, ficando aderidos à parede interna dos recipientes, e daí tem início o período de incubação, que em condições favoráveis dura 2 a 3 dias, quando estarão prontos para eclodir. A resistência à dissecação aumenta conforme os ovos ficam mais velhos, ou seja, a resistência aumenta quanto mais próximos estiverem no final de desenvolvimento embrionário. Eles podem se manter viáveis por 6 a 8 anos meses. A fase dos ovos é a de maior resistência de seu biociclo", alerta Vanderlan.
Já na segunda fase, as larvas são providas de grande mobilidade e têm como função primária o crescimento. Passam a maior parte do tempo alimentando-se de substâncias orgânicas, bactérias, fungos e protozoários existentes na água.
A duração de fase larval, em condições favoráveis de temperatura (25° a 29º C) e de boa oferta de alimentos, é de 5 a 10 dias, podendo se prolongar por algumas semanas em ambiente adequado. "A pupa agora é a nossa grande preocupação. Essa é a última fase aquática do mosquito. Depois desse processo ele está pronto para voar e começar seus ataques fazendo suas vítimas. A pupa não se alimenta, apenas respira e é dotada de boa mobilidade. Não é afetada por ação da larvicida. A duração da fase pupal em condições favoráveis de temperatura é de 2 dias em média", mostra o diretor de endemias da cidade.
"Depois de grandes investidas, descobrimos que a pupa se mantém flutuando na superfície da água, o que facilita a emergência do inseto adulto. Essa fase é dividida em cefalotórax e abdômen. A cabeça e o tórax são unidos, constituindo a porção chamada cefalotórax. A pupa tem um par de tubos respiratórios ou abdômen, que atravessam a água e permitem a respiração, por esta razão nós estamos atacando com muito rigor também a pupa. Os agentes fazem a captura e jogam fora da água, porque fora de seu habitat natural, ela morre", assegura a secretária de Saúde de Canindé.
"Macho e fêmea alimentam-se de néctar e sucos vegetais, sendo que as fêmeas, depois do acasalamento, necessita de sangue para a maturação dos ovos". No último Levantamento feito por Amostragem (LIA), de 2010, o índice era de 2,7%. "Com o nosso trabalho iremos reduzir esses índices, para isso, precisamos contar com o apoio de todos", diz ela.
Combate
"Desenvolvemos diversas ações de controle e combate e agora tem o Pesca Pupa"
Clara MedeirosSecretária de Saúde de Canindé
"O trabalho é feito nas casas da gente para combater o mosquito e isso é muito bom"
Francisco Correira LimaMorador do Bairro Palestina, em Canindé
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura Municipal de Canindé - prefeito Cláudio Pessoa
Telefone: (85) 3343.6937
Alô Saúde: (85) 3343.3857
NOVA ESTRATÉGIA
Vacina ainda sem data para o mercado
Canindé. Apesar de já anunciada por representantes do Governo Federal e do Instituto Butantã em São Paulo, a vacina contra a dengue ainda deve demorar mais alguns anos para ser concluída. Os testes para o medicamento começaram em 2007, conforme o Instituto, e a previsão inicial era que neste ano o Brasil já pudesse começar a vacinar principalmente crianças e jovens, de forma preventiva. Com o tempo, o objetivo é tornar essa medicação parte do calendário infantil de vacinas.
"A vacina que está sendo produzida pelo Butantã é a tetravalente, protegendo contra quatro tipos de vírus da dengue. E são esses subgrupos que tornam mais difícil a produção de uma vacina que seja eficaz, já que é necessário fazer uma combinação de todos os vírus para obter um resultado satisfatório"´, explica a secretária de Saúde de Canindé, Clara Medeiros.
Oficialmente, até agora, não há data definida para a produção em escala comercial da vacina contra dengue. Ainda faltam algumas validações do trabalho já feito. Clara Medeiros diz que outra iniciativa para a produção de uma vacina com base em proteínas do vírus da dengue está no Laboratório da Universidade Estadual do Ceará (Uece), numa pesquisa que já dura sete anos.
"Isto nos deixa feliz porque a Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, se capacita para produzir a vacina. Testes em macacos já deram bons resultados", comemora. Ela lembra que o pesquisador Luiz Tauil, da Universidade Federal de Brasília, um grande estudioso no assunto, disse em um recente relatório sobre a dengue, que o mosquito Aedes aegypti está melhor adaptado ao cenário urbano e ao calor excessivo, tornando mais difícil seu controle.
"Se o prognóstico do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, dando conta de que a terra poderá ficar até quatro graus mais quente até 2050, se concretizar, a proliferação de insetos vetores, como os que causam a dengue e a malária, poderá aumentar", lamenta a secretária, Clara Medeiros.
Para ela, a grande esperança para combater o mosquito transmissor da dengue é a descoberta da vacina. "Enquanto a vacina não chega, estamos criando mecanismos para controlarmos a doença, como o Pesca Pupa, que irá nos ajudar em muito nessa luta", acredita ela.
O prefeito de Canindé, Cláudio Pessoa, disse que apenas com uma união de todos a guerra contra a dengue poderá ser vencida. "Estamos apoiando as novas ideias".
ANTÔNIO CARLOS ALVESCOLABORADOR
Vacina ainda sem data para o mercado
Canindé. Apesar de já anunciada por representantes do Governo Federal e do Instituto Butantã em São Paulo, a vacina contra a dengue ainda deve demorar mais alguns anos para ser concluída. Os testes para o medicamento começaram em 2007, conforme o Instituto, e a previsão inicial era que neste ano o Brasil já pudesse começar a vacinar principalmente crianças e jovens, de forma preventiva. Com o tempo, o objetivo é tornar essa medicação parte do calendário infantil de vacinas.
"A vacina que está sendo produzida pelo Butantã é a tetravalente, protegendo contra quatro tipos de vírus da dengue. E são esses subgrupos que tornam mais difícil a produção de uma vacina que seja eficaz, já que é necessário fazer uma combinação de todos os vírus para obter um resultado satisfatório"´, explica a secretária de Saúde de Canindé, Clara Medeiros.
Oficialmente, até agora, não há data definida para a produção em escala comercial da vacina contra dengue. Ainda faltam algumas validações do trabalho já feito. Clara Medeiros diz que outra iniciativa para a produção de uma vacina com base em proteínas do vírus da dengue está no Laboratório da Universidade Estadual do Ceará (Uece), numa pesquisa que já dura sete anos.
"Isto nos deixa feliz porque a Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, se capacita para produzir a vacina. Testes em macacos já deram bons resultados", comemora. Ela lembra que o pesquisador Luiz Tauil, da Universidade Federal de Brasília, um grande estudioso no assunto, disse em um recente relatório sobre a dengue, que o mosquito Aedes aegypti está melhor adaptado ao cenário urbano e ao calor excessivo, tornando mais difícil seu controle.
"Se o prognóstico do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, dando conta de que a terra poderá ficar até quatro graus mais quente até 2050, se concretizar, a proliferação de insetos vetores, como os que causam a dengue e a malária, poderá aumentar", lamenta a secretária, Clara Medeiros.
Para ela, a grande esperança para combater o mosquito transmissor da dengue é a descoberta da vacina. "Enquanto a vacina não chega, estamos criando mecanismos para controlarmos a doença, como o Pesca Pupa, que irá nos ajudar em muito nessa luta", acredita ela.
O prefeito de Canindé, Cláudio Pessoa, disse que apenas com uma união de todos a guerra contra a dengue poderá ser vencida. "Estamos apoiando as novas ideias".
ANTÔNIO CARLOS ALVESCOLABORADOR
Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE
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