domingo, 13 de fevereiro de 2011

CELEBRAÇÕES CONTINUAM País comemora sua nova era

Alguns manifestantes pretendem ficar na Praça Tahrir até que haja certeza de democracia, outros já saíram do local
Cairo. Milhares de egípcios continuavam celebrando, ontem, a vitória sobre o regime do presidente Hosni Mubarak, que renunciou na última sexta-feira, depois de passar 30 anos no poder. No primeiro dia de uma nova era, o sentimento da população era de renascimento.

As ruas do Cairo continuavam lotadas de manifestantes, em sua maioria os jovens que iniciaram a revolta popular com o uso da internet e conseguiram propagar as manifestações ao restante da sociedade egípcia, que protestou contra o regime de maneira incessante durante 18 dias.

"É uma festa! Renascemos! Estávamos atrás dos outros países, mas agora temos valor aos olhos dos demais, do mundo árabe", afirmou o engenheiro agrícola Osama Tufic Sadallah.

Com 80 milhões de habitantes, o Egito é o maior país do mundo árabe e uma potência regional. Mas 20% de sua população vive abaixo da linha da pobreza, ao mesmo tempo que as liberdades política e religiosa foram reduzidas durante décadas de regime autocrático.

Enquanto as pessoas ainda seguiam para a emblemática Praça Tahrir, palco dos protestos, o Exército iniciou a retirada das barricadas e alambrados que protegiam o local. Os militares começaram o processo ao lado do Museu Nacional egípcio, na entrada norte da praça. Os tanques posicionados nas ruas e avenidas que levam à Praça Tahrir foram deslocados para liberar a passagem.

Voluntários civis que limpavam a praça todos os dias desde que o local virou um grande acampamento improvisado também ajudavam os soldados a retirar os veículos queimados no momento mais violento da revolta, quando os enfrentamentos entre manifestantes dos dois lados deixaram 11 mortos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 300 pessoas faleceram em todo o país durante o movimento.

Divisões
Depois da renúncia de Mubarak, que ao lado da família viajou para a cidade de Sharm el-Sheikh, às margens do Mar Vermelho, o poder passou ao Conselho Supremo das Forças Armadas, que é personificado pelo ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, agora o número um do novo regime militar.

Apesar do Exército ter anunciado que vai garantir as reformas e eleições livres e transparentes, estar sob um regime militar provoca inquietações em alguns manifestantes. Muitas pessoas querem continuar protestando na Praça Tahrir até que a democracia seja garantida, enquanto outras afirmam que o objetivo já foi alcançado.

Nadal Saqr, um professor universitário egípcio, insistiu que os manifestantes devem ficar até que haja "garantias claras" do Exército de que suas reivindicações por uma democracia sejam cumpridas.

Já o lojista Gomaa Abdel-Maqsoud está pronto para ir para casa. "Nunca vi tanta alegria. O que mais posso querer?", diz.

Ontem, o Exército do Egito decidiu reduzir em três horas o toque de recolher imposto no país. O toque de recolher começa a partir deste sábado às 0h e vai até às 6h do dia seguinte. Antes, a medida era válida das 20h às 6h.

Imprensa local
A imprensa oficial egípcia, que sempre apoiou sem hesitar o agora ex-presidente Mubarak, de 82 anos, celebrou neste sábado a "Revolução dos Jovens". "O povo fez o regime cair", "os jovens do Egito obrigaram Mubarak a sair", afirma na primeira página o jornal "Al-Ahram", publicação de referência da imprensa governamental.

"A revolução do Facebook derrubou Mubarak e os símbolos do regime", completa o jornal, para o qual a rede de relacionamentos da internet teve um papel de "sede do conselho de comando da revolução".

O Al-Ahram afirma ainda que "alguns tentam colher os frutos da revolução antes que estejam maduros", em referência ao Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei e ao secretário-geral da Liga Árabe, Amr Musa, figuras importantes da oposição egípcia que emergem como possíveis candidatos às eleições presidenciais de setembro.

"O futuro presidente deve ser transparente, temos o direito de conhecer sua fortuna antes que assuma a função", destaca outro jornal governamental, o "Al-Gumhuriya", em uma referência aos boatos sobre a fortuna colossal de Hosni Mubarak e sua família.

A queda do presidente egípcio foi celebrada pelos principais líderes mundiais e também festejada nas ruas de outros países árabes.

Fonte: Diario do Nodeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário