"Conivência"
09/06/2013
CNJ vai apurar se Judiciário facilita tráfico de pessoas
Presidente da CPI do Tráfico de Pessoas na Câmara Federal encaminhará ao CNJ uma lista de casos suspeitos em que o aparelho do Estado, por meio do Judiciário, teria facilitado ou negligenciado, viabilizando o crime.
O Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) vai apurar se a estrutura judiciária está facilitando o
tráfico de pessoas por meio de ações concretas ou negligência em
procedimentos judiciais. A medida foi divulgada após audiência do
presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa, com o presidente da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, deputado
Arnaldo Jordy (PPS-PA).
O parlamentar informou que a comissão
vai passar uma lista dos casos suspeitos para o CNJ, que poderá abrir
processos administrativos a fim de apurar melhor os fatos. “Não queremos
atropelar competências”, disse Jordy, ao deixar a audiência.
O
parlamentar disse que a CPI tem encontrado facilidades “muito estranhas
do aparelho de Estado” para o tráfico de pessoas, que podem implicar a
estrutura cartorária, o Poder Judiciário e até o Ministério Público.
“Vamos mandar tudo para o CNJ, mas focamos na adoção ilegal de crianças,
em que parece ter cumplicidade ou silêncio exagerado das autoridades e
da estrutura judiciária em alguns casos”.
Segundo Jordy, os
fatos mais graves estão em Monte Santo, na Bahia, e no Paraná. “A adoção
normal dura três anos, três anos e meio. Não pode ser resolvido em um
mês como no Paraná e na Bahia. Não se faz com essa agilidade sem um
mínimo de conivência da estrutura judicante”, analisou. Ele lembrou que
alguns casos já estão sendo apurados pela Corregedoria do CNJ.
De
acordo com o deputado, ainda não há previsão de desfecho para a CPI,
que expira em quatro meses. Ele reiterou que a comissão vai apresentar
aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado propostas de reforma
na legislação relativa ao tráfico de pessoas. “O problema não é tão
episódico como as pessoas imaginam. O que aparece às vezes nos filmes,
nas novelas, nos enredos como ficção não é tão incomum assim”. (da Agência Brasil)
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Segundo
levantamento de outubro da Secretaria Nacional de Justiça e do
Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (Unodc), a cada cinco
dias, uma pessoa é vítima de tráfico de seres humanos no Brasil.
Saiba mais
O
presidente da CPI do Tráfico de Pessoas da Câmara dos Deputados,
deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), disse que a CPI pretende
propor mudanças na legislação.
Pretende-se com a mudança, que o tráfico de pessoas seja tipificado no Código Penal, o que não ocorre hoje.
Segundo ele, o código só dá a tipificação de tráfico para fins de exploração sexual de mulheres.
Fonte: Jornal O Povo
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