Um ano após tragédia, nenhuma obra entregue
12.01.2012
Áreas atingidas pelas enchentes que mataram mais de 900 pessoas no Rio de Janeiro não foram recuperadas
Rio de Janeiro. Um ano após as enchentes que provocaram a morte de mais de 900 pessoas na região serrana fluminense, nenhuma obra foi concluída até o momento nas mais de 170 áreas identificadas como de alto risco de deslizamento de encostas. Além disso, apenas oito ações foram iniciadas, conforme o 3º Relatório de Inspeção à Região Serrana, divulgado ontem pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ).
De acordo com o relatório, as ações das autoridades nos últimos 12 meses limitaram-se ao atendimento às famílias afetadas pelas enchentes, e muito pouco foi feito para recuperar as áreas atingidas pelo temporal. O assessor de Meio Ambiente do Crea, Adacto Ottoni, afirma que "os pontos críticos que sofreram as feridas continuam totalmente fragilizados e estão gerando grande aporte de sedimentos para a drenagem e para os rios, o que pode agravar mais as inundações e o transbordamento".
Segundo Adacto, menos de 10% do que estava previsto para o ano passado foi iniciado. Na visita aos locais afetados pelas chuvas do ano passado, os técnicos constataram que persiste o processo de ocupação desordenada do solo, sobretudo para atividades agrícolas, desmatamento de áreas de preservação permanente, além da reocupação das áreas de risco, com a construção de casas nestes locais.
Entre as orientações imediatas, o relatório propõe a criação e a implementação de um planejamento para remoção da população com prioridade para as áreas de risco; implantar pequenas e médias barragens de cheias; intervenções nas encostas; realizar saneamento efetivo de esgotos e lixo na bacia drenante.
Escassez
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que só 13% dos recursos gastos pelo governo federal em ações da Defesa Civil foram investidos na prevenção de desastres como deslizamentos de terra, enchentes e seca entre 2006 e 2011. O gasto com prevenção foi de R$ 745 milhões, contra R$ 6,3 bilhões para conter estragos causados.
Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, os problemas são reincidentes. "Quando o governo alega que não tem conhecimento do problema, ele está faltando com a verdade. Tudo está detalhado ao longo dos anos, não há como alegar que não sabe", critica.
Um dos problemas destacados no estudo é a concentração no envio de recursos para alguns estados. Ziulkoski aponta também que boa parte das verbas anunciadas pela União não chega por entraves burocráticos.
Governo federal anuncia R$ 75 mi
Brasília. O governo federal anunciou ontem que vai destinar R$ 75 milhões para os três Estados mais afetados pelas fortes chuvas que atingem o País. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo receberão R$ 30 milhões, R$ 25 milhões e R$ 20 milhões, respectivamente.
O dinheiro será repassado via Cartão de Pagamento de Defesa Civil, que viabilizará despesas em ações de socorro, assistência a vítimas e restabelecimento de serviços em municípios com situação crítica. Oito mil cestas básicas também serão distribuídas.
O valor liberado ontem é proveniente da medida provisória assinada no ano passado pela presidente Dilma Rousseff, que reservou R$ 444 milhões para serem utilizados para minimizar os estragos causados pelas enchentes e deslizamentos.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, explicou que a intenção do governo federal é passar a utilizar o cartão de pagamento da Defesa Civil para transferir os recursos. Os governos estaduais deverão criar um CNPJ exclusivo para a Defesa Civil e abrir uma conta específica. Segundo o ministro, essa prática dará mais transparência ao uso das verbas.
Somente no Rio de Janeiro, balanço divulgado ontem pela Defesa Civil apontou um aumento de cerca de 30% no número de desalojados e desabrigados por causas das chuvas nas regiões norte e noroeste. O número passou de 11.650 mil pessoas para 14.920.
Também ontem, os corpos de cinco pessoas da mesma família foram encontrados dentro de um Fusca em Sapucaia, no Rio de Janeiro. Pai, mãe, duas filhas adolescentes e um tio das meninas foram soterrados na madrugada de segunda-feira após uma avalanche provocada pela chuva no distrito de Jamapará. Com o resgate, chega a 18 o número de mortos no município.
Rio de Janeiro. Um ano após as enchentes que provocaram a morte de mais de 900 pessoas na região serrana fluminense, nenhuma obra foi concluída até o momento nas mais de 170 áreas identificadas como de alto risco de deslizamento de encostas. Além disso, apenas oito ações foram iniciadas, conforme o 3º Relatório de Inspeção à Região Serrana, divulgado ontem pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ).
De acordo com o relatório, as ações das autoridades nos últimos 12 meses limitaram-se ao atendimento às famílias afetadas pelas enchentes, e muito pouco foi feito para recuperar as áreas atingidas pelo temporal. O assessor de Meio Ambiente do Crea, Adacto Ottoni, afirma que "os pontos críticos que sofreram as feridas continuam totalmente fragilizados e estão gerando grande aporte de sedimentos para a drenagem e para os rios, o que pode agravar mais as inundações e o transbordamento".
Segundo Adacto, menos de 10% do que estava previsto para o ano passado foi iniciado. Na visita aos locais afetados pelas chuvas do ano passado, os técnicos constataram que persiste o processo de ocupação desordenada do solo, sobretudo para atividades agrícolas, desmatamento de áreas de preservação permanente, além da reocupação das áreas de risco, com a construção de casas nestes locais.
Entre as orientações imediatas, o relatório propõe a criação e a implementação de um planejamento para remoção da população com prioridade para as áreas de risco; implantar pequenas e médias barragens de cheias; intervenções nas encostas; realizar saneamento efetivo de esgotos e lixo na bacia drenante.
Escassez
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que só 13% dos recursos gastos pelo governo federal em ações da Defesa Civil foram investidos na prevenção de desastres como deslizamentos de terra, enchentes e seca entre 2006 e 2011. O gasto com prevenção foi de R$ 745 milhões, contra R$ 6,3 bilhões para conter estragos causados.
Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, os problemas são reincidentes. "Quando o governo alega que não tem conhecimento do problema, ele está faltando com a verdade. Tudo está detalhado ao longo dos anos, não há como alegar que não sabe", critica.
Um dos problemas destacados no estudo é a concentração no envio de recursos para alguns estados. Ziulkoski aponta também que boa parte das verbas anunciadas pela União não chega por entraves burocráticos.
Governo federal anuncia R$ 75 mi
Brasília. O governo federal anunciou ontem que vai destinar R$ 75 milhões para os três Estados mais afetados pelas fortes chuvas que atingem o País. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo receberão R$ 30 milhões, R$ 25 milhões e R$ 20 milhões, respectivamente.
O dinheiro será repassado via Cartão de Pagamento de Defesa Civil, que viabilizará despesas em ações de socorro, assistência a vítimas e restabelecimento de serviços em municípios com situação crítica. Oito mil cestas básicas também serão distribuídas.
O valor liberado ontem é proveniente da medida provisória assinada no ano passado pela presidente Dilma Rousseff, que reservou R$ 444 milhões para serem utilizados para minimizar os estragos causados pelas enchentes e deslizamentos.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, explicou que a intenção do governo federal é passar a utilizar o cartão de pagamento da Defesa Civil para transferir os recursos. Os governos estaduais deverão criar um CNPJ exclusivo para a Defesa Civil e abrir uma conta específica. Segundo o ministro, essa prática dará mais transparência ao uso das verbas.
Somente no Rio de Janeiro, balanço divulgado ontem pela Defesa Civil apontou um aumento de cerca de 30% no número de desalojados e desabrigados por causas das chuvas nas regiões norte e noroeste. O número passou de 11.650 mil pessoas para 14.920.
Também ontem, os corpos de cinco pessoas da mesma família foram encontrados dentro de um Fusca em Sapucaia, no Rio de Janeiro. Pai, mãe, duas filhas adolescentes e um tio das meninas foram soterrados na madrugada de segunda-feira após uma avalanche provocada pela chuva no distrito de Jamapará. Com o resgate, chega a 18 o número de mortos no município.
Fonte: DN
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